Polícia explica como quadrilha legalizava veículos roubados

Uma entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (30) detalhou a ação de cerca de 200 agentes do Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope) e da Divisão de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) que prenderam 37 pessoas suspeitas de participar de esquema de roubo e da legalização irregular desses veículos. A Operação Transformers foi deflagrada na quarta-feira (29) nas cidades de Aracaju, Neópolis, Itabaiana, Carmópolis e Itabaianinha e nos Estados da Bahia e São Paulo e resultou ainda na apreensão de 15 veículos roubados, duas armas de fogo, documentos, dinheiro e cargas.
Segundo a polícia, os veículos eram roubados na Bahia e depois seguiam para Sergipe. “No mesmo momento em que eles eram roubados na Bahia, um dos suspeitos já participava de um leilão na cidade São Paulo para adquirir etiquetas com numerações que seriam usadas nos carros roubados. Dessa forma, seria mais fácil legalizar o veículo. As etiquetas seguiam para Aracaju através dos Correios”, explica o delegado Osvaldo Resende.
De acordo com a Polícia Civil, quando o carro chegava em Sergipe essa etiqueta da documentação nova era levada para os funcionários do Detran e quando os carros eram vistoriados se tornavam aparentemente legalizados. Em seguida, eles eram vendidos em uma loja localizada da Avenida Coelho e Campos em Aracaju e outra em Itabaiana.
Depois de um ano de trabalho a polícia localizou 50 carros. A suspeita é que a quadrilha sustentava o trafico de drogas. Os carros também eram vendidos em Pernambuco.
Entenda como funcionava o esquema
A polícia apontou dois homens como os ‘cabeças’ da quadrilha. Eles participavam de leilões de veículos sucateados nos Estados de São Paulo e Sergipe, depois de comprar eles ligavam para outros comparsas informando o modelo, ano e cor do veículo adquirido no leilão.
Material apreendido durante a Operação Transformers (Foto: Tássio Andrade/G1)
Material apreendido durante a Operação Transformers (Foto: Tássio Andrade/G1)
O terceiro passo era buscar outro membro do esquema que morava no município de Xique-Xique, na Bahia. Essa pessoa era responsável por contatar assaltantes para roubar os veículos  com as mesmas características dos que eram adquiridos nos leilões.  Depois de roubados, os veículos eram enviados para Sergipe. Enquanto isso, o chassi e a etiqueta dos veículos comprados em leilões eram enviados para Sergipe, neste caso quando a compra ocorria em São Paulo.
De acordo com as investigações, para conseguir legalizar o carro, a quadrilha contava com 11 funcionários do Detran de Sergipe, quatro setores foram apontados, o de vistoria, despacho, tecnologia e emissão de documentos. Todos os funcionários envolvidos estão presos temporariamente.  Nos setores apontados, os veículos eram supostamente legalizados, com o chassi e a etiqueta adquiridos através dos veículos leiloados.
Depois deste processo, os veículos eram vendidos em uma loja na avenida Coelho e Campos, no Centro de Aracaju, e no município de Itabaiana, distante 48km de Aracaju. Em rara vezes, eles eram repassados diretamente para terceiros.
Segundo as investigações, dois policiais, um militar e outro civil, intermediavam as negociações dentro do Detran. O policial militar trabalhou mais de dois anos dentro do órgão.
Esquema em Itabaiana
A polícia aponta um empresário da região como um dos principais receptadores dos veículos. No galpão dele, a polícia encontrou mais de sete veículos e dois elevadores novos roubados. Para a polícia, ele também vendia os veículos em uma loja na cidade de Itabaiana.
Prisões
A polícia contabilizou um total de 37 prisões, 29 são temporárias, 8 preventivas,  5 pessoas foram presas em flagrante, os policiais encontram com elas veículos e materiais roubados, documentações falsas, etiquetas de leilões,  equipamentos utilizados para modificação do chassi dos carros, uma escopeta e um revólver.
Detran
Quando realizou buscas no Detran, na quarta-feira (29), os policias também encontraram documentos para emissão de carteiras de habilitação (CNH) preparadas para fraude. A polícia não esperava encontrar esse tipo de fraude, e irá investigar o caso.

Informações do G1 SE

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