Depoimentos ligam deputados a esquema de desvio de verbas de Subvenção.


Empresário Nollet Vieira em oitiva no dia 16 de julho (Foto: Reprodução / TV Sergipe)
Empresário Nollet Vieira em oitiva no dia 16 de
julho (Foto: Reprodução / TV Sergipe)
O Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE) divulgou o conteúdo dos depoimentos contidos nas oitivas realizadas nos dias 16 e 20 de julho. As audiências não puderam ser acompanhadas pela imprensa. O TRE gravou os depoimentos do empresário Nollet Vieira Feitosa e de Antônio Arimateia Rosa Filho, que é vereador no município de Capela, distante 95 km de Aracaju.
Nollet revelou como funcionava o esquema de desvio das verbas de subvenção indicadas pelos deputados Augusto Bezerra (DEM), Paulinho das Varzinhas (PTdoB) e Suzana Azevedo (hoje conselheira do Tribunal de Contas de Sergipe). O vereador Antônio Arimateia também detalhou como era realizado o desvio das verbas indicadas pelo deputado estadual Adelson Barreto (PTB), atualmente deputado federal.
Em depoimento realizado na quinta-feira (16), Nollet Vieira disse que a maior parte do dinheiro retornava para os próprios deputados. As verbas de subvenção foram indicadas à Associação Amigos da Nova Veneza (Amanova).
Confira trechos do depoimento:
Augusto Bezerra
“No ano de 2013, próximo ao no eleitoral eu estive algumas vezes no gabinete no Deputado Augusto Bezerra, inicialmente somente sobre apoio na cidade de Salgado, onde já fui candidato a vereador. Ele perguntou se eu tinha associação para receber um recurso, eu disse que não. Mas um amigo meu [Edelvan Santos], que estava ao meu lado, disse que tinha uma pessoa para indicar. Eu disse que Edelvan era da confiança, mas ele disse que eu seria a pessoa de ideal. Ele me explicou que inicialmente seria repassado um valor de R$ 500 mil e 10% desse valor seria dividido entre os membros que fizessem parte da associação pelo trabalho e que 90% seria devolvido ao deputado para que futuramente fossem realizadas algumas benfeitorias. Eu ficaria com 3%, dona Clarice, presidente da Associação Amigos da Nova Veneza (Amanova), receberia 2,5% e passaria 1% para a irmã, que nunca soube de nada, e que ela deveria falar isso para ficar com um pouco mais. E 3,5%  Edelvan dividia com a tesoureira Sandra. Eu não sabia o que era o termo subvenção,  entendi que seria  um recurso da Assembleia que iria retornar 90%, que depois seriam realizadas benfeitorias e manter mensalmente a associação. Eu conversei com a presidente, a tesoureira e Edelvan, e ficou tudo certo”, explica Nollet.
O empresário relatou em depoimento como eram realizados os saques nas agências bancárias. “Quando entrou algo em torno de R$ 200 mil, uma pessoa me ligou para ir ao banco e fomos nós três e em uma sala reservada a presidente sacou e fez a divisão em dinheiro. E em seguida, ela saiu com o dinheiro para devolver ao deputado. Na segunda remessa, recebemos o telefone do gabinete e fomos direto ao banco onde foi sacado com cheque. Depois disso, foram realizadas mais duas remessas e os nossos pagamentos”, revela.
Paulinho das Varzinhas
“Quem me ligou foi a assessora Cristina, ela me convidou para tomar um café no gabinete. No local, ela disse que iria entrar um recurso e perguntou se eu poderia retirar o dinheiro. Eu estranhei os valores, que era para ser R$ 500 mil e depois passou desse valor.  Não tive contato com o deputado somente com ela. Ela só queria receber em dinheiro, então precisei usar do meu próprio dinheiro e pedi a ajuda de alguns amigos para devolver o valor. Eu depositava os cheques e eles ou eu sacávamos em dinheiro para entregar a ela. A divisão foi à mesma da anterior, lá foram três ou quatro entregas na assembleia, uma na Ivo do Prado e uma entrega em um apartamento da amiga dela. Ela era muito desconfiada, ai comecei a fotografar ela recebendo dinheiro e contanto o dinheiro. Eu entregava o dinheiro a ela e vai que um dia ela não passa esse dinheiro para Paulinho”, relata Nollet.
Susana Azevedo
“Provavelmente ela destinou, fiz repasse para uma assessora que dizia ser dela, tinha o nome de Rose. Na época, ela já era conselheira, acredito ter feito quatro entregas para Rose, uma na Praça da Imprensa, próximo a Biblioteca Pública e outra naquelas redondezas. Nunca ela citou o nome da deputada Suzana Azevedo. No contato inicial ela se apresentou como assessora da deputada e só disse o valor, e perguntou também como eu faria para entregar o valor. Eu nunca tive contato com a deputada”, diz o empresário.
Os parlamentares citados nas oitivas não foram encontrados para conversar sobre o assunto.

Do G1SE

Comentários