Saúde realiza campanha de combate ao fumo com foco no Narguillé

Foto: Flavia Pacheco/SES.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES), em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, realizou na manhã desta quinta-feira(29), no auditório do Centro Administrativo da Saúde (CAS), o evento “Tabaco ou Saúde – o uso do Narguillé”, como objetivo de reforçar as ações de sensibilização e mobilização para os danos causados pelo tabaco.

O evento reuniu coordenadores do Programa Saúde na Escola (PSE), da Vigilância Sanitária, representantes do Programa de Controle do Tabagismo do estado e dos municípios, e contou com o depoimento de uma servidora, ex-fumante, que atingiu com sucesso seu objetivo, ao participar do tratamento antitabagismo oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Neste ano de 2019 a campanha nacional traz como foco o Narguillé, conhecido como cachimbo d´agua. Mais nocivo que o cigarro, uma sessão pode durar de 20 a 80 minutos e corresponde à exposição aos componentes tóxicos presentes na fumaça de, aproximadamente, 100 cigarros e o compartilhamento da mangueira pode causar herpes, hepatite e tuberculose, segundo alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Controle ao Tabagismo, Lívia Angélica da Silva, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde (MS), prevê, por meio de estimativa, que em 2030 haverá 21,4 milhões de casos novos de câncer no mundo, 13,2 milhões de mortes e 75 milhões de pessoas vivas com câncer. O tabagismo é responsável por 90% dos casos de câncer no pulmão, por exemplo. O Ministério da Saúde informa, também, que passa de 200 mil o número de usuários de Narguillé no Brasil e 60% são jovens entre 18 e 29 anos.

“A prevenção é importante, e a qualidade do tratamento também, para minimizar as mortes prematuras. Nós temos um fator de risco evitável para os quase 50 tipos de doenças. A população está envelhecendo e precisa cuidar das doenças crônicas como diabetes, hipertensão e nós temos um plano de enfrentamento das doenças crônicas que foi construído em 2012. Precisamos pensar na qualidade de vida, na obesidade, em atividades físicas, de forma integral. Quando temos um paciente no programa, ele não vai tratar só a dependência, mas também as outras comorbidades. Para Sergipe a estimativa é de quase 5 mil novos casos ao ano. Então, temos que nortear o porquê de estarmos fazendo isso, para diminuir o número de casos”, observou Lívia.  

O coordenador da Vigilância Sanitária, Ávio Britto, destacou que o ato de fumar não prejudica apenas quem fuma, mas também quem está próximo, faz mal à família. “Comecei a fumar aos 12 anos e fumei por quase 20 anos. Quando entrei na faculdade, na aula de anatomia, tive contato com o pulmão de um fumante e me questionei: por que eu fumo? Então, fiz o maior esforço do mundo e decide não fumar mais a partir daquele dia. E não fumei mais. Para deixar de fumar é preciso ter muita força de vontade. Nós aqui da Vigilância Estadual estamos trabalhando com o alto risco que é a empresa, a indústria do tabaco. Já as vigilâncias municipais fiscalizam estabelecimentos como os restaurantes, as bombonieres, as tabacarias, e não podemos proibir a venda, porque a venda não está proibida no Brasil. O importante é mostrarmos da necessidade extrema de não se fumar, isso é o que faz uma estrutura de saúde pública”, comentou Ávio.

Para a coordenadora do Programa Saúde na Escola (PSE), Luciana Boaventura, o público alvo para o início do trabalho de prevenção está na adolescência, principalmente, e a prevenção deve ser trabalhada através das Escolas.

“Esse programa e essa política de saúde do adolescente são intersetoriais, o que significa dizer que não é só a Saúde que tem sua contribuição, mas a Educação também. Todos os 75 municípios estão aderidos ao PSE e desenvolvem trabalhos nessa temática de prevenção ao uso do tabaco e outras drogas. Por isso a proposta foi unir todas essas áreas para fazer uma ação comum, alusiva a essa data, o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Então, esse momento aqui é importante para mostrar a interação e dizer que os municípios estão fomentados por nós através das capacitações, reuniões e encontros, com estratégias para fortalecer a iniciativa de mudar os hábitos, não apenas para o tabaco, mas também para alimentação, atividade física que são agregadores de bem-estar”, disse Luciana.

Na oportunidade foi apresentada, ainda, a importância das Práticas Integrativas e Complementares para o combate ao tabagismo que precisa ser visto como uma doença que pode ser tratada, como a fitoterapia, a homeopatia, a arteterapia, a dança, a respiração, através de palestra realizada pela referência técnica, Rosemary B. Santos, e atividade reflexiva aplicada por Glaudenilson Silva, organizador do Projeto Servidor Zen NAT/RH.  

Pirambu partilha experiência exitosa

O município de Pirambu, conforme informações da coordenadora Karina Flora, desenvolveu o projeto Viva Mais que organiza e implementa as ações que existem nas diretrizes do Programa de Combate ao Tabagismo. O tratamento implica em avaliação clínica, abordagem individual ou em grupo, terapia com medicamentos e visitas domiciliares, com profissionais capacitados, tendo a prevenção como ponto principal.

“Nós capacitamos os agentes comunitários de saúde, que são a porta para encontrarmos esses usuários, e os enfermeiros. Quando cheguei a Pirambú já existia uma lista de 100 pessoas interessadas em participar do programa e a maioria já havia tentado sem conseguir. Então separamos essas pessoas por grupos, e fizemos os encontros. As sessões foram divididas por profissionais como fonoaudiólogos, dentistas, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, preparadores físicos, e cada um desses profissionais informam a necessidade de cada paciente, com prioridade nos atendimentos, de forma que desenvolvam autoestima. Então, é um trabalho em conjunto com a equipe com reuniões quinzenais e mensais, visitas domiciliares, e em 2018 tivemos, de 90% das pessoas que aderiram ao tratamento, 36% reduziu e 54% cessou o hábito de fumar”, informou Karina.

Superação

De cada 1000 pessoas que tentam parar de fumar pela primeira vez, 172 conseguem largar o vício, enquanto 828 falham. Porém, a enfermeira e servidora na SES, Dahiana Oliveira Mendes conseguiu parar de fumar participando do Programa de Controle do Tabagismo oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 “A princípio a gente entende as políticas antitabagismo como um policiamento, uma fiscalização. Comecei a fumar com 13 anos, fumei durante 23 anos, e o fumante sempre pensa em parar, mas não admite, seja pela questão estética, seja pelo custo, porque a gente acaba sendo meio que esquivado de algumas ações, e na área da saúde a gente tem que ser exemplo, porque como ofertar saúde se nossa imagem não reflete o nosso trabalho? Então, sempre pensei mas não havia decidido. Quando decidi, após conversa com Lívia, procurei o serviço no CEMAR, em menos de um mês me chamaram para participar e quando cheguei lá não era nada do que imaginei, era tudo muito simples. O grupo faz toda a diferença, sinto que o que me ajudou a parar de fumar não foram só os adesivos e a decisão, nem só a questão estética, foi o grupo que tinha em torno de 13 pessoas, com várias faixas etárias e condições sociais, mas a dependência é a mesma. Toda a minha rotina agora é diferente, penso todos os dias em cigarro, e é um desafio, mas para mim foi muito prazeroso e eu recomendo”, contou Dahiana.

Dia 

O Dia Nacional de Combate ao Fumo é comemorado em 29 de agosto desde 1986, quando a Lei Federal nº 7.488 inaugurou a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva e tem como objetivo reforçar as ações de sensibilização e mobilização para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

Da ASN.