Da queda no Estadual ao acesso à Série B: Daniel Paulista alcança protagonismo no Confiança.


Daniel Paulista comandou o Confiança em 31 jogos na temporada — Foto: Marlon Costa / Pernambuco Press
Daniel Paulista comandou o Confiança em 31 jogos na temporada — Foto: Marlon Costa / Pernambuco Press

Inspirado ou não em filmes de romance, o técnico Daniel Paulista fechou a temporada no Confiança com um final feliz, em meio aos dramas e glórias ao longo de 184 dias no comando técnico do Dragão. Após resistir a eliminação no Estadual e a oscilação no início da Série C, ele deu a volta por cima com a classificação à Copa do Nordeste e o acesso inédito à Série B.

Em 31 jogos no comando da equipe azulina, Daniel Paulista teve um aproveitamento de 45%. Com 11 vitórias, 9 empates e 11 derrotas, o Dragão conquistou 42 pontos dos 93 disputados em três competições: Sergipano, Copa do Nordeste e Campeonato Brasileiro da Série C.

O treinador de 37 anos bateu um papo com GloboEsporte.com antes de retornar para Ribeirão Preto-SP, onde passará um período de férias ao lado da família a partir da próxima sexta-feira. Ele preferiu não antecipar se fica ou não para o próximo ano, relembrou os desafios dentro e fora de campo para dar a volta por cima nesta temporada, e projetou o Confiança em outro patamar a partir do acesso de divisão nacional.

- Vamos esperar na próxima quarta-feira às eleições do clube. A todo momento, fui muito bem recebido aqui em Aracaju, fui muito bem recepcionado pelo povo sergipano. Estou muito feliz aqui. O Confiança, através do seu presidente Hyago e o diretor Ernando, já demonstrou interesse na minha permanência no clube. Vamos esperar passar as eleições e com calma a gente vai sentar, até porque tem outras coisas também que precisam ser discutidas para o seguimento da minha carreira também. Mas, independente da decisão que venha a ser tomada, acho que a gente sai daqui com o dever cumprido, com a satisfação de ter colocado esse clube gigante do futebol sergipano entre as melhores equipes do país. Isso não tem preço - destacou o técnico.

O fracasso no Estadual
Daniel Pollo Barion, ou Daniel Paulista, foi apresentado no estádio Sabino Ribeiro no dia 13 de março de 2019, após a perda do título do primeiro turno do Estadual provocar a demissão do técnico Betinho. A missão era levar o Dragão à final da competição. Com duas vitórias e dois empates, o time proletário entrou em campo na última rodada do hexagonal precisando de um empate para chegar à decisão, mas a derrota por 3 a 1 para o Itabaiana, no Batistão, significou a eliminação na segunda fase, perdendo as vagas na Copa do Brasil e Copa do Nordeste de 2020.

O técnico ponderou que a perda do Estadual serviu de alerta para as mudanças no elenco para a sequência da temporada. Mais de 10 jogadores deixaram o clube na reformulação para a Série C.

- Quando aceitei o convite, eu vim para fazer um bom trabalho, para fazer as coisas acontecerem. É lógico que naquele primeiro momento, o objetivo principal era conquistar o Campeonato Sergipano. Infelizmente, as coisas não caminharam como a gente esperava, o grupo não respondia aos trabalhos, e acabou acontecendo uma decepção muito grande para todos, mas eu nunca deixei de acreditar. Mesmo após o Estadual, aí sim que eu passei a acreditar, porque a partir daquele momento eu poderia estar montando um elenco, trazendo jogadores dentro das características que eu acreditava para montar uma equipe competitiva. É lógico que praticamente todas as contratações, os jogadores que ficaram entenderam muito bem a minha forma de trabalhar e as coisas foram acontecendo para que a equipe conquistasse. Acredito que tanto eu como a diretoria do clube sabemos todas as dificuldades que passamos nesse percurso, mas isso agora torna ainda mais prazerosa a conquista do acesso - ponderou Daniel.

Da oscilação ao acesso
As duas derrotas nas duas primeiras rodadas da Série C só aumentaram o clima de desconfiança pela ameaça do rebaixamento. No entanto, o Dragão ganhou um novo fôlego na temporada com a classificação na pré-Copa do Nordeste em cima do Sampaio, em pleno Castelão.

- O jogo contra o Sampaio na pré-Copa do Nordeste foi o divisor de águas. Tudo tem um limite. Os resultados não estavam acontecendo e sabia que talvez um resultado negativo naquele jogo poderia estar interrompendo o nosso trabalho a frente do time. Agora o trabalho estava sendo feito. O grupo que foi formado para o Estadual infelizmente não deu certo e precisava ser feita uma reformulação. Do tamanho que foi a reformulação, com quase 15 atletas saindo e outros chegando, as coisas não iam encaixar da noite para o dia. Tudo leva um tempo, precisava haver trabalho, e isso sempre existiu. Aos poucos, as coisas foram se encaixando e foram acontecendo - avaliou o técnico.

A partir desse triunfo, o Confiança emplacou duas séries invictas na Série C, virou o turno na liderança do grupo A, e ficou metade das 18 rodadas no G-4 . No mata-mata, o sonho do acesso à Série B virou realidade contra o Ypiranga-RS. Neste percurso, Daniel reconheceu que se adaptou e implantou uma filosofia de trabalho que valorizou o jogo coletivo.

- Nós não tivemos um destaque pontual que possa dizer que fez a diferença e foi extremamente decisivo. Isso não aconteceu no nosso time. Houve um equilíbrio entre as posições, todos os jogadores tiveram oportunidade de jogar. Pela necessidade financeira do clube, montamos um elenco extremamente pequeno, e completamos com cinco jogadores da categoria de base. Isso não vinha acontecendo dentro do Confiança nos últimos anos. Tivemos que colocar um garoto de 20 anos que até então não tinha participado de nenhum jogo profissional no jogo mais decisivo do ano, que foi a partida contra o Ypiranga. E ele correspondeu , nos ajudou, como todos os outros. Acho que esse foi o ponto mais importante para que a gente construísse essa equipe de forma competitiva. O Confiança pode não ter sido o grande destaque da competição, mas todo mundo que você conversa sempre dizia que o Confiança tinha um time chato, que joga, que marca, que ataca. Então, foi o nosso equilíbrio dentro da competição - explicou o treinador.

Mudança de patamar
De volta à Série B após 27 anos, o time proletário terá pela frente um calendário com o dobro de partidas em relação a Terceirona deste ano. Esse novo patamar, segundo o treinador, exige mudanças na estrutura do clube para ocupar o espaço entre os 40 melhores times do país.

- O Confiança primeiramente precisa entender que agora ele subiu de patamar. Ele deixou de ser série D, C, para se transformar literalmente em uma equipe de Série B, estando no cenário nacional entre as melhores equipes do país. Então, muda coisa precisa mudar. Não estou falando de jogadores, mas sim do clube, que precisa aproveitar esse momento para melhorar sua estrutura e suas condições. Para disputar uma Série B, novos jogadores têm que vir, talvez jogadores de um patamar mais elevado, que naturalmente nas duas carreiras vão estar sempre disputando série a e série b. Não podemos esquecer, que antes de chegar a Série B, tem o Campeonato Sergipano e a Copa do Nordeste, que você pode só pensar na Série B, e abdicar do primeiro semestre, que é muito importante para o clube. Então, tem que ser feita, neste primeiro momento, uma equipe competitiva, que vá brigar pelos seus objetivos no Estadual e fazer uma Copa do Nordeste dentro do que der pra fazer, e depois sim você colocar todas as forças dentro da Série B - finalizou.

Fonte: Globo Esporte .com

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