Nova espécie de lagarto é descoberta no Parque Nacional Serra de Itabaiana


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Por volta dos anos 2000, foi descoberta uma nova espécie de lagarto, batizada de Glaucomastix abaetensis, presente no Parque Nacional Serra de Itabaiana, no litoral de


Sergipe e em territórios da Bahia. Anos depois, durante a análise de dados, no entanto, foi descoberta uma profunda divergência genética entre as populações do réptil.

Uma das espécies, encontrada na Serra de Itabaiana, apresentava uma pequena diferença visível a olho nu: a cor da cauda, verde - a de sua “irmã” é amarela. No entanto, segundo Eduardo José dos Reis Dias, orientador da pesquisa que identificou o novo lagarto, “em outros aspectos não tão visíveis, perceberam-se distinções genéticas e morfológicas, como uma variação no número de escamas”.

A nova espécie foi batizada de Glaucomastix itabaianensis, em óbvia referência à Serra de Itabaiana, seu habitat mais preservado - ele também pode ser encontrado em áreas costeiras. O estudo, realizado em um mestrado da Universidade Federal da Bahia, por Igor Rios do Rosário, planejava detectar padrões geográficos e eventos históricos responsáveis distribuição atual do abaetensis.

O mestrado de Igor foi concluído em 2013, mas a classificação da nova espécie foi publicada este ano na revista ZooTaxa. Eduardo é credenciado como Orientador no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Evolução da UFBA.

Igor Rosário explica que as diferenças que separam as espécies não ocorreram há pouco tempo. “A divergência genética entre as populações, as quais constituem duas linhagens, aconteceu há, aproximadamente, 2,4 milhões de anos. E foi com base nessas novas características, tanto genéticas quanto morfológicas, que foi proposta essa nova espécie”, explica.

Risco de extinção

Além do Parque Nacional Serra de Itabaiana, o Glaucomastix itabaianensis também pode ser encontrado em restingas, que são as faixas de vegetação e dunas costeiras. Apesar de localmente abundante, a espécie corre risco de extinção devido a um hiato em sua distribuição – ela ocorre somente no Parque Nacional Serra de Itabaiana e no litoral de Sergipe, duas regiões geograficamente distantes – e à perda de seu habitat.

“Em um passado recente, as restingas ocupavam 70% da costa brasileira, mas agora estão altamente fragmentadas como resultado da exploração e ocupação humana ao longo dos últimos séculos. Logo, preservar esta espécie passa por proteger as já drasticamente reduzidas áreas onde encontramos este ecossistema”, explica Igor.

O Parque Nacional Serra de Itabaiana é a única área de proteção integral ao longo de toda a distribuição da população do itabaianensis, apesar de também estar suscetível à pressão que atividades econômicas fazem ao seu redor. Igor ressalta a importância dessas áreas para a continuidade dos ecossistemas. “Esperamos criar apelo adicional para estimular o estabelecimento de novas áreas protegidas na região que, por sua vez, contribuirão para a proteção de tantas outras espécies”, conclui.


Fonte: Ascom/UFS

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