Trabalho coletivo muda a rotina de beneficiadores de castanha em SE

Priscilla Bittencourt
Itabaiana, SE

O trabalho coletivo mudou a rotina dos beneficiadores de castanha de caju de Sergipe. Com a criação de uma cooperativa, eles melhoraram as condições de trabalho e agora apostam no aumento da produtividade.
Foto: reprodução do Portal Globo Rural
Nem a chuva é capaz de mudar a rotina do castanheiro José dos Santos de Jesus.  Todos os dias ele sai  de casa, bem cedo para a lida. Em dez minutos chega ao trabalho, no povoado Carrilho, no município de Itabaiana, agreste de Sergipe.

Há um ano José se uniu a outros 20 trabalhadores em uma cooperativa que beneficia a castanha de caju. “Pra mim foi bom demais porque mudamos o estilo de trabalho, a higiene”, fala o castanheiro José dos Santos de Jesus.

“Todos que trabalham faturam igual, divide o rendimento deles. Eles compram, a cooperativa compra para todos. Eles beneficiam, a cooperativa comercializa e a divisão é para eles, para a renda familiar”, fala Antônio Cardoso Lisboa, gerente Regional do Sebrae.
Os castanheiros entraram com a força de trabalho. O Sebrae com a qualificação. O dinheiro para compra das máquinas veio do governo do estado e o capital de giro de uma empresa privada. Um investimento de US$ 414 mil, em valores atuais, cerca de R$ 1,2 milhão.

A ideia da cooperativa demorou 14 anos para ser colocada em prática, nesse período, foi preciso capacitar os trabalhadores, buscar financiamento e o mais difícil: convencer a comunidade que esse modelo de trabalho poderia dar certo.

O beneficiamento da castanha era feito de forma artesanal e os agricultores ficavam expostos a fumaça e ao calor intenso. A castanha era assada, quebrada e limpa manualmente numa jornada de 14 horas que começava ainda na madrugada.

Agora, a castanha que chega in natura é assada em um forno semi-industrial. Depois são quebradas uma a uma, em outra máquina. E, por fim, descascadas.

Hoje, os cooperados beneficiam cerca de uma tonelada e meia de castanha por mês. E conseguem receber, por isso, um salário mínimo. A renda é quase igual à alcançada no beneficiamento artesanal, mas o ganho nas condições de trabalho deixa o método antigo bem para trás.

Quase toda castanha beneficiada em Sergipe é produzida em outros estados. Uma das mudanças, com a chegada da cooperativa foi o fim da dependência dos atravessadores, o que aumentava o custo da atividade. Hoje, juntos, os cooperados conseguem buscar a matéria-prima diretamente da fonte. Dos estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, e Piauí.

A maior parte da produção ainda é vendida a granel. Para aumentar os lucros, os cooperados estão embalando as castanhas em pacotes menores, o que facilita a venda.

“Somos independentes. Melhora a autoestima, as condições de preço, agente tem autonomia para negociar a compra, a venda, as vantagens são inúmeras”, fala a presidente da cooperativa Maria Cristina da Silva.

Até o final do ano, a meta é beneficiar três toneladas de castanhas por mês.


Informações do Portal Globo Rural.

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